sábado, 17 de outubro de 2009

ESCOLA ATIVA

A escola nova foi o movimento pedagógico cultural mais importante da Europa e Estado Unidos nas primeiras décadas do século XX, que rompeu com a educação tradicionalista passiva, rotineira e autoritária.
A escola ativa é uma forma de enfrentar os inúmeros problemas enfrentados pelo sistema educacional, principalmente em áreas carentes; problemas que não se limitam a estrutura física e verbas governamentais, problemas que atingem a maior parte da população desfavorecida socialmente e economicamente, a reprodução de um sistema que visa manter seus paradigmas com base numa educação alienada, ou seja, não se preocupa em motivar o aluno a desenvolver um pensamento critico e uma conduta participativa.
Assim, a escola ativa é uma resposta aos alunos que chegam a quarta série sem entender o que lêem e sem capacidade de se comunicar por escrito, ao ensino passivo e que enfatiza a memorização, ao baixo rendimento do professor e do aluno, à elevada taxa de evasão e repetência.
Nesse sentido, a busca para melhorar a qualidade do ensino, requer que o aluno saiba compreender o que lê, comunicar-se por escrito e oralmente, fazer operações aritméticas básicas, observar e aprender com sua própria realidade e ser capaz de resolver problemas de seu próprio cotidiano. Para alcançar esses objetivos é necessário mudar o paradigma da escola, ou seja, reformular a maneira de agir dentro da escola (alunos enfileirados, cópias, memorização, excessiva individualidade, baixa participação, falta de liberdade para se expressar, avaliação classificatória, horários rígidos e relações verticais).
A educação não deve ser restrita e mecânica numa inferência de Nietzsche o filósofo e professor Schulz afirma:
Os atos não devem ser ensinados ao aprendiz de forma como o Positivismo ensinava (tecnicista/mecânica/repetitiva), mas deve, isto sim, apresentar como e onde o indivíduo poderá utilizar aquele conhecimento adquirido em sua vida prática, pública e privada. Portanto a educação, em última instância, deve ser estética, permitindo ao homem desenvolver a criatividade sobre o fato. Só assim poderá se revelar algum gênio e, então, para Nietzsche, o homem escapará do niilismo, do sem sentido e da mediocridade causados pela vida maquinal, automática que o modo de vida proposto pela Modernidade trouxe. (SCHULZ, 2007, p.20)

Alguns dos princípios da escola ativa é o afeto, vincula a cabeça ao coração, a razão ao sentimento e o cognitivo ao afetivo; a experiência natural, estímulo as novas experiências; adaptação do ambiente, favorecer e propiciar o aprendizado; a experiência da própria atividade do educando; o bom professor é aquele que possui a teoria coerente com a prática, pois este é um modelo e influenciador; o anti-autoritarismo e a co-gestão, desenvolvimento da inteligência e autonomia por sua própria atividade envolve também participação ativa e deliberativa na definição de regras e da convivência da comunidade escolar; atividade grupal favorece o desenvolvimento intelectual e moral dos alunos á medida em que a interação; atividade lúdica brincar transforma-se num fator muito importante para o aluno aprender a produzir, respeitar e aplicar regras, pois o ajuda a preparar-se para a vida com criatividade e com sentido de curiosidade e exploração.
Portanto o que a escola ativa propõe é valorizar e incentivar o trabalho em grupo; respeito ao conhecimento e opinião do aluno; dar liberdade para ele se expressar; estimular a autonomia do educando, numa perspectiva de formação integral do sujeito, ou seja, levar em consideração os aspectos cognitivos, sócio-afetivos e psicomotores; visa uma aprendizagem centrada no aluno, com horários flexíveis, e respeito ao ritmo de aprendizagem do educando; avaliação permanente dos processos com os alunos, corrigindo o que se faz necessário e destacando os pontos positivos e oferecendo realimentação imediata; lembrando que o aprendizado não ocorre somente dentro da sala de aula, portanto a escola ativa valoriza os espaços externos; proporcionando a participação ativa da comunidade no funcionamento da escola.
Dentro desse modelo escolar o aprendizado é essencialmente ativo, o que permite ao aluno desenvolver habilidades, fomenta valores e atitudes e adquire conhecimentos fundamentais e essenciais para a vida, pois o aprendizado passa a ser significativo, fugindo do padrão tradicional de cópia e memorização, o que acarreta num conhecimento superficial e passageiro.
O educador deve motivar o aluno a pesquisar, conhecer e mudar o que se faz necessário “o que está condicionado, mas não determinado”. Os indivíduos passam assim, a serem sujeitos e não apenas objeto da história, negando as situações como fatalidades e sim buscar estímulo para mudá-las. Assim, “Não sou apenas objeto da História mas seu sujeito igualmente. No mundo da História, da cultura, da política constato não para me adaptar mas para mudar.” (p.77). O educador não deve inibir ou dificultar a curiosidade dos alunos, muito pelo contrário, deve estimulá-la, pois dessa forma desenvolverá a sua própria curiosidade, sendo ela fundamental para evocar a imaginação, transformação, etc.
Afinal,
Mulheres e homens, somos os únicos seres que, social e historicamente, nos tornamos capazes de apreender. Por isso, somos os únicos em quem aprender é uma aventura criadora, algo,por isso mesmo,muito mais rico do que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito. (p. 69)
Sabe-se que o ensino fundamental deve estimular na criança atitudes de cooperação, participação, comportamento democrático, tolerância a diversidade, resolução de conflitos, solidariedade, ajuda mútua, trabalho coletivo, preferencialmente os de vivências concretas e bons exemplos. Estimulando a capacidade da criança a desenvolver um pensamento autônomo e de leitura de sua realidade.
Portanto uma educação que valorize e respeite o educando sua realidade é mais que necessário para poder obter êxito, é preciso uma educação que ajude o aluno a compreender sua identidade e a identidade de sua comunidade, que instigue ele a compreender os problemas de sua realidade, a raiz desses problemas e que o faça buscar mudanças e melhorias para si e para sua comunidade. Assim, a escola ativa deve ter a preocupação com a valorização das atividades desenvolvidas no campo e da importância do coletivo.
É preciso acreditar na mudança, fugir do determinismo que enrijece a sociedade e faz os problemas se perpetuarem, pois as coisas estão e não são de determinada maneira, segundo Paulo Freire,
Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina.
Enfim, a escola ativa educa para a liberdade, a paz a tolerância, o respeito mútuo a convivência sadia, a solidariedade, a cooperação, a tomada de decisões e a autonomia, entendida como a liberdade que tem para agir livremente assumindo as responsabilidades necessárias. Forma a criança para cumprir deveres e exercitar seus direitos, para desempenharem de forma efetiva e satisfatória seu papel como cidadão pleno.


Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996.

SCHULZ, N. L. Gerson. (org.). Nietzsche: a educação contra a cultura. In: Educação ser, saber, fazer. Porto Alegre: Alcance, 2007. p.13 a 25.

*não copie, use essas informações como apoio e referência.

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